Fratura

Fratura do nariz com hemorragia após acidente.

Fratura óssea é uma situação em que há perda da continuidade óssea, geralmente com separação de um osso em dois ou mais fragmentos após um traumatismo. A sua gravidade pode variar bastante; algumas fraturas resolvem-se espontaneamente sem chegarem a ser diagnosticadas, enquanto outras acarretam risco de vida e são emergências médicas.

As queixas habituais são dores, incapacidade de mexer o membro e deformidade, embora possa variar pelo tipo e localização da fratura. É uma situação frequente, havendo uma incidência aumentada em alguns grupos de risco tal como em mulheres após a menopausa, devido à diminuição da densidade do osso por osteoporose.

HISTÓRIA

As fraturas surgem com o aparecimento de esqueletos rígidos na natureza.

Na espécie humana as primeiras tentativas de tratamento conhecidas datam de há mais de 5000 anos, embora possam ter surgido espontaneamente há mais tempo. Estes primeiros tratamentos consistiam na utilização de pedaços de madeira ou casca de palmeira amarrados em torno do membro fraturado com linho, e foram descobertas em escavações realizadas no Egito. Este método ainda é usado atualmente, variando os materiais utilizados.

Fratura

Quadro de REPIN em 1888(cirurgia ortopédica).

A primeira referência à utilização de materiais semelhantes ao gesso atual data de 900 d. C. por Rhazes Athuriscus, um médico árabe que descreveu a preparação de tiras de linho embebidas numa mistura de cal e clara de ovo, que adquiria bastante resistência.

No mundo ocidental, o interesse pelo gesso parece ter-se desenvolvido após um diplomata inglês no Império Otomano, Eaton, ter descrito em 1793 a utilização deste material no tratamento de uma fratura. As ligaduras gessadas utilizadas hoje em dia foram descritas pela primeira vez em 1854 por Antonius Mathysen, um cirurgião naval holandês.

Antes do surgimento dos antibióticos uma fratura exposta (pele e músculos são perfurados pelo osso) estava associada a uma mortalidade extremamente elevada, devido a infecções da ferida e do osso (osteomielite). A única terapêutica nestas situações consistia na amputação precoce do membro, embora a amputação fosse em si um método com elevada mortalidade, devido à hemorragia ou gangrena infecciosa.

A fixação cirúrgica das fraturas aparece mencionada pela primeira vez em cerca de 1760 em Toulouse, quando surge numa carta entre dois cirurgiões referência à “fixação de fraturas usando arame no tratamento”.

Fratura

CLASSIFICAÇÃO

Fratura de cabeça de úmero.

Segundo a causa

  • Fraturas Traumáticas – Correspondem à grande maioria das fraturas, e resulta da aplicação de uma força sobre o osso que seja maior que a resistência deste. Pode ocorrer no local de um impacto (Fratura direta), num local afastado da zona de impacto (ex: fratura clavícula – fratura indireta, após queda sobre a mão), ou por contração muscular violenta (fratura por tração muscular);
  • Fraturas de sobrecarga – ou Stress são devidos à aplicação repetida e frequente de pequenas forças sobre um osso, que leva a uma fadiga que condiciona a fratura;
  • Fraturas patológicas – ocorrem num osso previamente fragilizado, por exemplo por osteoporose ou um tumor ósseo. Geralmente não há evidência de traumatismo que justifique a fratura.

Segundo a lesão envolvente

  • Fraturas simples – A fratura ocorre junto a uma linha, rachando o osso em dois pedaços. Não há perfuração da pele;
  • Fraturas complicadas – Há atingimento de vasos sanguíneos ou nervos. Uma diminuição ou ausência dos pulsos, assim como palidez ou perda de consciência, podem indicar lesão de um vaso sanguíneo (mesmo não havendo hemorragia evidente), sendo importante nestes casos a prestação rápida de cuidados de saúde adequados;
  • Fratura com multifragmentos – Neste divide o osso em vários pedaços;
  • Fratura exposta – É onde o osso quebrado está exposto. Isto é perigoso por causa do aumento das chances de infecção.

TRATAMENTO

A escolha terapêutica é baseada na avaliação de múltiplos fatores. Na maioria dos casos a cirurgia surge como última opção, estando reservada para casos particulares como fraturas expostas ou complicadas, ou quando o tratamento conservador não eficaz na resolução de uma fratura (por exemplo: quando se desenvolvem pseudoartrose). Existem, contudo algumas exceções em que a cirurgia oferece melhores resultados.

Tratamento conservador

Este tipo de tratamento tenta otimizar as condições em que ocorre o processo natural de reparação do osso sem infligir traumatismos adicionais geralmente associados a uma cirurgia. O processo é variável – o osso atingido e o tipo de lesão em causa.

Geralmente envolve a redução da fratura, que pode ser feito com ou sem anestesia, e consiste em exercer uma tração adequada sobre o membro afetado de forma a que os topos da fratura fiquem alinhados, ou seja, regressem à sua posição anatômica. Uma redução bem efetuada reduz o risco de consolidação viciosa, que é uma das seqüelas mais freqüentes das fraturas e que ocorre quando o osso cicatriza numa posição incorreta.

Após a redução há habitualmente uma diminuição importante da dor, que pode até desaparecer por completo.

Depois do alinhamento dos topos da fratura, o membro afetado é estabilizado utilizando vários meios, sendo dos mais freqüentes a tala gessada, o gesso fechado, ou o suporte com ligaduras elásticas. Esta estabilização tem por objetivo prevenir o movimento dos topos da fratura, para que não haja dor, e possa ocorrer uma reparação eficaz da lesão. Uma possível conseqüência de uma imobilização deficiente (ou de remover a imobilização demasiado cedo) é a formação de uma pseudoartrose, uma situação que geralmente implica correção cirúrgica.

O tempo em que é mantida a imobilização varia conforme o osso fraturado e a região do osso atingida, podendo variar de 3 a 8 semanas, ou mais.

Habitualmente são também utilizados medicamentos para alívio da sintomatologia, em particular analgésicos antiinflamatórios (AINEs) para reduzir a dor e inflamação local.

Tratamento cirúrgico

A cirurgia tem por objetivo restabelecer o alinhamento normal do osso, e manter esse alinhamento até a reparação da fratura. Permite também corrigir algumas lesões das partes moles, em especial vasos sanguíneos que possam ter rompido.

O restabelecimento da continuidade óssea por meio cirúrgico (osteossíntese) pode ser feito com recurso a várias técnicas, habitualmente com a utilização de placas e parafusos, varetas endo-medulares ou fios de kirschner.

SEQUELAS E COMPLICAÇÕES

Uma grande parte das fraturas é curada sem deixar seqüelas, podendo desaparecer qualquer vestígio da fratura após alguns meses. Em outras situações, o processo de reparação óssea não é capaz de restabelecer por completo a forma ou função original do osso fraturado, o que acontece mais frequentemente quando há complicações associados à fratura.

  • Infecção – Uma infecção óssea (osteomielite) é especialmente grave devido à baixa irrigação sanguínea e escassez de células vivas, já que o osso é const
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